Criando uma atmosfera imersiva e de teor especulativo, a audiência é convidada a situar-se. Não é uma apresentação no espaço mas uma apresentação do espaço em permanente devir: fugaz e expansivo.
Retiro-me desta pilha de terra e de pedras enormes, desenterro a minha mão, seguido do meu braço, da minha perna, até ser corpo inteiro de fora. Olho-me ao espelho, e procuro a transparência, mas há muita poeira, arranhões, e vestígios de pedrinhas. Estou cheio de estratos, de camadas.
1. Magoado, Melindrado, Pesaroso, Triste, Plangente, Sensível, Meio Podre, Combalido; 2. Função psicofisiológica que consiste em experimentar certa espécie de sensação; (...)
Em cena, uma personagem para duas intérpretes que vão invocando memórias, medos e inseguranças, em diálogo surdo entre si. O interior e o exterior, a queda e o salto, o privado e o público, tudo embrulhado em canções de embalar. Em cena dois corpos que não se cansam de tentar. Dois corpos que sabem que por vezes é preciso reaprender a viver, e até reaprender a respirar.
A normalidade retorna rapidamente e a sanidade não permanece em risco, basta virar para o outro lado e aconchegar-se novamente nas próprias conceções macias e cheirosas. Quantas camadas tem um sonho? Onde termina o sonho de um e começa o sonho de outro? Onde está a fronteira entre o real e o surreal?
"Simulacro" é um exercício de intimidade, repetição e resistência. Dois corpos em ação contínua exploram os limites da sua proximidade através da natureza degenerativa do gesto.
Esta é a primeira peça de uma trilogia em torno do questionamento sobre os conceitos de estranheza examinados por Mark Fisher na obra The Weird and the Eerie. Trata-se de dois termos difíceis de traduzir para a língua portuguesa: weird (estranho) e eerie (inquietante).
Coreografar o invisível, destruir os ciclos: agora vês-me, agora não, desapareces para dentro de mim, desapareço para dentro de ti - tu que me estás a ver. Encontramos espaços intermédios: des-olhar, des-formatar, projetar desejos, pesadelos, pó.
Krakatoa, surje como a necessidade política de abordar cenicamente uma ocupação social: quebrar o silêncio público em torno do suicídio.
Um ou dois corpos, seis no máximo. It’s a long yesterday é um exercício sobre o desejo, a fratura e a multiplicação.