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#Em Circulação
© Joana Rodrigues / “Timber”, de Roberto Olivan, com interpretação de Joana Couto, João Cardoso/Ilan Gratini, Lara Serpi, Liliana Garcia, Liliana Oliveira e Ricardo Machado
Mesmo tendo a sorte de estar sediada na maravilhosa cidade do Porto, a Instável procura ao máximo levar os projetos que cria e/ou apoia a circularem além da mesma, tanto em território nacional, como internacional.
Uma área onde a terra está próxima ou abaixo do nível do mar é chamada planície — lowlands. Lowlands refere-se também à teoria de Freud, que compara a mente a um icebergue — flutua com um sétimo do seu volume acima da água, a única parte visível.
Quando pensamos em som, a primeira imagem é a de ondas invisíveis que viajam pelo ar, captadas pelos nossos ouvidos e interpretadas pelos nossos cérebros. Mas para além da sua dimensão auditiva, o som tem peso, movimento e força. O som possui uma história em si e o corpo procura incessantemente por uma história.
Memórias e sonhos ressoam, na caixa do tempo, onde o passado e o futuro nem sempre se sucede por esta ordem. Pela água, pelo fogo, pelas mãos. O corpo, matéria mutável, da lânguida sedução à catástrofe do caco. Tudo a preto e a vermelho. Como na roleta, os corpos entram no jogo.
Criando uma atmosfera imersiva e de teor especulativo, a audiência é convidada a situar-se. Não é uma apresentação no espaço mas uma apresentação do espaço em permanente devir: fugaz e expansivo.
Retiro-me desta pilha de terra e de pedras enormes, desenterro a minha mão, seguido do meu braço, da minha perna, até ser corpo inteiro de fora. Olho-me ao espelho, e procuro a transparência, mas há muita poeira, arranhões, e vestígios de pedrinhas. Estou cheio de estratos, de camadas.
1. Magoado, Melindrado, Pesaroso, Triste, Plangente, Sensível, Meio Podre, Combalido; 2. Função psicofisiológica que consiste em experimentar certa espécie de sensação; (...)
Em cena, uma personagem para duas intérpretes que vão invocando memórias, medos e inseguranças, em diálogo surdo entre si. O interior e o exterior, a queda e o salto, o privado e o público, tudo embrulhado em canções de embalar. Em cena dois corpos que não se cansam de tentar. Dois corpos que sabem que por vezes é preciso reaprender a viver, e até reaprender a respirar.
A normalidade retorna rapidamente e a sanidade não permanece em risco, basta virar para o outro lado e aconchegar-se novamente nas próprias conceções macias e cheirosas. Quantas camadas tem um sonho? Onde termina o sonho de um e começa o sonho de outro? Onde está a fronteira entre o real e o surreal?
"Simulacro" é um exercício de intimidade, repetição e resistência. Dois corpos em ação contínua exploram os limites da sua proximidade através da natureza degenerativa do gesto.
TIMBER é uma viagem às profundezas da nossa existência, uma visita a cada recanto que deixámos de visitar devido ao medo, ignorância ou abandono de nós mesmos. Uma desconexão pessoal daquilo que nos une à nossa única e autêntica natureza.