© Ivo Tavares Studio / Exposição “Kengo Kuma: Onomatopeia” / Casa da Arquitectura

Corpos em Onomatopeia
Ana Figueira
Uma coprodução entre a Casa da Arquitectura e a Companhia Instável no âmbito do 8º Aniversário da Casa da Arquitetura

Treze onomatopeias — imagens que evocam sensações, texturas e qualidades espaciais — ganham corpo em solos interpretados por treze dos mais destacados bailarinos do norte. Inspirado na arquitetura sensorial de Kengo Kuma e nas teorias de Rudolf Laban, o projeto transpõe conceitos arquitetónicos para o plano físico e sensível através da metodologia Effort–Shape.
O movimento é entendido como reflexo do indivíduo: cada pessoa possui padrões de movimento únicos, moldados pela sua personalidade, experiência e contexto. Observa-se não apenas o que alguém faz, mas como essa pessoa existe em movimento.

Cada intérprete trabalha uma onomatopeia, explorando como as ideias e imagens que ela convoca se podem traduzir em qualidades de movimento. A performance, concebida para o espaço expositivo, articula-se com a arquitetura e a instalação, transformando-o num território de relação entre corpo, espaço e experiência sensorial.

Corpos em Onomatopeia é um percurso da individualidade ao coletivo — um estudo sobre como cada corpo, com a sua qualidade única de movimento, contribui para uma paisagem sensorial comum.

Contextualização

Enquanto estudante do Laban Centre, em Londres, Ana Figueira aprofundou as teorias de Rudolf Laban e a sua aplicação prática ao movimento, o que tornou natural a ligação com a exposição de Kengo Kuma — onde a arquitetura se aproxima do corpo, da matéria e da experiência sensível. Laban reconheceu que o movimento envolve corpo e mente, e desenvolveu ferramentas para revelar o seu significado. O movimento está em tudo o que fazemos, e a identidade de cada pessoa manifesta-se na forma como se move.

A Análise de Movimento de Laban propõe uma leitura do gesto como expressão da intenção e da emoção humanas. Através da metodologia Effort–Shape, é possível identificar o padrão de movimento de cada pessoa — a forma como a energia se organiza no espaço e no tempo, revelando modos singulares de existir. Laban definiu quatro impulsos dinâmicos — Action, Passion, Vision e Spell — que refletem diferentes estados de presença e intenção, tornando visível a dimensão emocional e cognitiva do movimento.

 

Ana Figueira

Ana Figueira é coreógrafa, programadora e gestora cultural. Fundadora e diretora da Companhia Instável desde 1998, foi também diretora artística do Teatro Aveirense. Licenciada em Dança e Mestre em Performance Artística – Dança pela Faculdade de Motricidade Humana (UTL), é ainda Pós-Graduada em Gestão das Artes. Como bolseira ERASMUS, frequentou o Laban Centre, em Londres, onde estudou Coreologia e Effort–Shape, concluindo o estágio com 19 valores. Foi professora de Labanotation no Ginasiano – Escola de Dança e no Fórum Dança, e é certificada pelo curso Creation in Public Spaces (FIAR, 2020), destacando os módulos Dramaturgy for Public Spaces e The Place of Audiences. Entre os seus projetos destaca-se Percursos pela Arquitetura, que criou e dirige há mais de 15 anos — um programa que cruza dança contemporânea e arquitetura, propondo novas formas de perceção e habitação do espaço público. Neste contexto, desenvolveu uma metodologia própria de criação site-specific, aplicada em locais emblemáticos como a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e a Casa da Arquitetura, entre outros contextos urbanos e patrimoniais. Em 2023, concebeu o curso FOCAR, centrado na pesquisa entre dança e arquitetura, consolidando um percurso de investigação e prática que questiona as fronteiras entre corpo, espaço e público. Ao longo da sua carreira, tem impulsionado o cruzamento entre corpo, espaço e comunidade, promovendo novas formas de perceção e habitação do território através da dança.

Dança, M6

22 nov – 15:00 / 23 nov – 17:00 / Casa da Arquitectura, Matosinhos

Conceito e direção: Ana Figueira

Assistência à Direção artística: Liliana Garcia

Co-criação e Interpretação: Afonso Cunha, Ana Isabel Castro, Cacá Otto Reuss, Cristiana Ferreira, Dinis Santos, Duarte Valadares, Isabel Ariel, Joana Sousa, João Cardoso, Liliana Oliveira, Tiago Miguel, Valter Fernandes, Wallace Wong

Música: Rui Lima

Mistura: Rui Lima e Sergio Martins

Estágio: Mafalda Cardoso

Produção Executiva: Francisca Melo

Agradecimentos: Arquiteto Miguel Rebelo e Carol-Lynne Moore (Análise do movimento)

A Instável é apoiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção- Geral das Artes